O problema é que estamos justamente lutando para
desvirtuar a principal característica do ser humano: ser único. Enquanto nos
esforçamos em buscar um mesmo padrão que envolve a aparência certa, o comportamento
certo e as atitudes certas, vamos nos distanciando de quem somos de verdade, em
uma busca insana pela personalidade perfeita e aceita, escondendo em nossas
profundezas mais escuras aquela criança que um dia foi livre e feliz,
manifestando todas as suas vontades e características únicas. Isso explica
tanta insatisfação nos dias de hoje. As pessoas creem que são infelizes por não
conseguir atingir um ideal de perfeição, não são magras, ricas, inteligentes ou
descoladas o suficiente, e continuam buscando esses objetivos, simplesmente
porque não conhecem outra forma de alcançar a felicidade. No entanto, a
felicidade está exatamente no caminho contrário! Uma pessoa nunca conseguirá
ser feliz a menos que possa se reconectar com essa sua essência, isso que
justamente a faz diferente das demais, que a liberta, e que é tão interessante.
Se soubéssemos o tamanho do esforço e energia que
gastamos diariamente para manter e buscar essa aparente perfeição, e se percebêssemos
que, ao simplesmente abandonar essa busca externa e se voltar para dentro,
teríamos toda essa energia e tempo disponíveis para corrermos atrás do que
realmente amamos e manifestar o que realmente somos, encontrando a tão sonhada
paz e felicidade - lembrando que felicidade e prazer são coisas totalmente
diferentes... Muitas pessoas tentam acalmar essa inquietação e ansiedade com
prazeres imediatos, mas que não preenchem o vazio que sentem por dentro... a
resposta está sempre dentro, e nunca fora.
Vou dar um exemplo prático: uma pessoa, durante a sua
infância, manifesta tudo aquilo que é, porque isso é permitido para as crianças
e elas têm o maravilhoso dom de não se preocupar com que os outros pensam
delas: falam o que querem, vestem o que querem, brincam do que querem. Ao
crescer, influenciadas pelo ambiente onde vivem e pelas pessoas que a cercam,
elas começam a se comparar e a se julgar, considerando que sua aparência não é
a ideal, seu peso não é o ideal, os amigos não são os ideais, e começando essa
empreitada em busca da “perfeição”. Isso só piora com o tempo, porque a partir
de certo momento, todas as decisões de vida dessa pessoa não serão mais baseadas
no que ela gosta ou quer de verdade, mas sim no que é mais aceito pela
sociedade. Isso varia desde o estilo que a pessoa adota, o curso que escolhe na
faculdade e o emprego. Imagine uma pessoa que sempre amou artes, ama pintar,
desenhar, mas entende que um curso em artes é uma bobagem, coisa de gente
sonhadora, não dá dinheiro, etc. A pessoa resolve fazer administração ou direito,
ou seja, exatamente o contrário do que ela ama. Assim, ela direciona toda a sua
vida para um caminho que não é em nada, absolutamente nada, do que ela é na
essência, e um belo dia, após conseguir tudo o que sonhou, se formar, ser
promovida no emprego, casar, etc, ela se sente profundamente vazia e inquieta.
Não se desespere se você se identificou com o exemplo
acima, isso significa que você faz parte dos 99% das pessoas que são assim. O
importante é saber que nunca é tarde para mudar de direção, pegar o caminho
certo, rumo à nossa verdade, ao nosso eu verdadeiro, aquilo que justamente nos
diferencia dos demais e que nos faz tão únicos e, agora sim, perfeitos. Por
mais que pareça difícil seguir esse caminho tão novo, ele demanda muito menos
energia e promete um futuro muito mais incrível, um prazer verdadeiro de
aproveitar a vida e viver plenamente. Lembremos que a única coisa que é imutável
em nós é nossa essência. Muitas pessoas empreendem esforços enormes para
encontrar a felicidade ou a resposta às suas insatisfações fora, sem saber que a
resposta está ali dentro, pertinho dela.
Como começar? Faça uma sincera e profunda autoanálise,
buscando avaliar o que em sua vida você realmente ama e o que você faz por
entender que é o mais apropriado ou aceito. É preciso muita sinceridade e
vontade de mudar, mas poder identificar o que você gostaria de transformar em
sua vida é o primeiro e mais importante passo. Se pergunte sinceramente: se eu
pudesse fazer qualquer coisa em minha vida, o que seria? Onde eu trabalharia? O
que estudaria? Escreva, registre essas ideias, no início você se sentirá bobo,
sonhador, mas insista, sendo sempre realista. Ninguém realmente tem vontade de
viver o resto da vida em uma praia paradisíaca. Nos primeiros dias seria
maravilhoso, mas e depois? Seja realista e verdadeiro, e você terá grandes
surpresas e um prazer verdadeiro ao se descobrir.
No comments:
Post a Comment