06 November 2012

O verdadeiro caminho

Acredito que a maior parte de nossos problemas, se não todos eles, são causados pelo nosso distanciamento de nossa essência, de quem somos. Sem perceber, nós passamos a maior parte de nossa vida e fazemos enormes esforços para nos enquadrar em um modelo de perfeição ditado pela sociedade, pela TV, ou simplesmente porque aprendemos que precisamos manter uma aparência e comportamento para sermos aceitos na sociedade e conseguir sobreviver.

O problema é que estamos justamente lutando para desvirtuar a principal característica do ser humano: ser único. Enquanto nos esforçamos em buscar um mesmo padrão que envolve a aparência certa, o comportamento certo e as atitudes certas, vamos nos distanciando de quem somos de verdade, em uma busca insana pela personalidade perfeita e aceita, escondendo em nossas profundezas mais escuras aquela criança que um dia foi livre e feliz, manifestando todas as suas vontades e características únicas. Isso explica tanta insatisfação nos dias de hoje. As pessoas creem que são infelizes por não conseguir atingir um ideal de perfeição, não são magras, ricas, inteligentes ou descoladas o suficiente, e continuam buscando esses objetivos, simplesmente porque não conhecem outra forma de alcançar a felicidade. No entanto, a felicidade está exatamente no caminho contrário! Uma pessoa nunca conseguirá ser feliz a menos que possa se reconectar com essa sua essência, isso que justamente a faz diferente das demais, que a liberta, e que é tão interessante.

Se soubéssemos o tamanho do esforço e energia que gastamos diariamente para manter e buscar essa aparente perfeição, e se percebêssemos que, ao simplesmente abandonar essa busca externa e se voltar para dentro, teríamos toda essa energia e tempo disponíveis para corrermos atrás do que realmente amamos e manifestar o que realmente somos, encontrando a tão sonhada paz e felicidade - lembrando que felicidade e prazer são coisas totalmente diferentes... Muitas pessoas tentam acalmar essa inquietação e ansiedade com prazeres imediatos, mas que não preenchem o vazio que sentem por dentro... a resposta está sempre dentro, e nunca fora.

Vou dar um exemplo prático: uma pessoa, durante a sua infância, manifesta tudo aquilo que é, porque isso é permitido para as crianças e elas têm o maravilhoso dom de não se preocupar com que os outros pensam delas: falam o que querem, vestem o que querem, brincam do que querem. Ao crescer, influenciadas pelo ambiente onde vivem e pelas pessoas que a cercam, elas começam a se comparar e a se julgar, considerando que sua aparência não é a ideal, seu peso não é o ideal, os amigos não são os ideais, e começando essa empreitada em busca da “perfeição”. Isso só piora com o tempo, porque a partir de certo momento, todas as decisões de vida dessa pessoa não serão mais baseadas no que ela gosta ou quer de verdade, mas sim no que é mais aceito pela sociedade. Isso varia desde o estilo que a pessoa adota, o curso que escolhe na faculdade e o emprego. Imagine uma pessoa que sempre amou artes, ama pintar, desenhar, mas entende que um curso em artes é uma bobagem, coisa de gente sonhadora, não dá dinheiro, etc. A pessoa resolve fazer administração ou direito, ou seja, exatamente o contrário do que ela ama. Assim, ela direciona toda a sua vida para um caminho que não é em nada, absolutamente nada, do que ela é na essência, e um belo dia, após conseguir tudo o que sonhou, se formar, ser promovida no emprego, casar, etc, ela se sente profundamente vazia e inquieta.

Não se desespere se você se identificou com o exemplo acima, isso significa que você faz parte dos 99% das pessoas que são assim. O importante é saber que nunca é tarde para mudar de direção, pegar o caminho certo, rumo à nossa verdade, ao nosso eu verdadeiro, aquilo que justamente nos diferencia dos demais e que nos faz tão únicos e, agora sim, perfeitos. Por mais que pareça difícil seguir esse caminho tão novo, ele demanda muito menos energia e promete um futuro muito mais incrível, um prazer verdadeiro de aproveitar a vida e viver plenamente. Lembremos que a única coisa que é imutável em nós é nossa essência. Muitas pessoas empreendem esforços enormes para encontrar a felicidade ou a resposta às suas insatisfações fora, sem saber que a resposta está ali dentro, pertinho dela.

Como começar? Faça uma sincera e profunda autoanálise, buscando avaliar o que em sua vida você realmente ama e o que você faz por entender que é o mais apropriado ou aceito. É preciso muita sinceridade e vontade de mudar, mas poder identificar o que você gostaria de transformar em sua vida é o primeiro e mais importante passo. Se pergunte sinceramente: se eu pudesse fazer qualquer coisa em minha vida, o que seria? Onde eu trabalharia? O que estudaria? Escreva, registre essas ideias, no início você se sentirá bobo, sonhador, mas insista, sendo sempre realista. Ninguém realmente tem vontade de viver o resto da vida em uma praia paradisíaca. Nos primeiros dias seria maravilhoso, mas e depois? Seja realista e verdadeiro, e você terá grandes surpresas e um prazer verdadeiro ao se descobrir.

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