23 February 2012

A Mente que Comanda

Pensar se tornou uma doença. A doença acontece quando as coisas se desequilibram. Por exemplo, não há nada de errado com a divisão e a multiplicação das células no corpo humano. Mas quando esse processo acontece sem levar em conta o organismo como um todo, as células se proliferam e temos a doença. Se for usada corretamente, a mente é um instrumento magnífico. Entretanto, quando usada de maneira errada, ela se torna destrutiva. Para ser ainda mais preciso, não é você que usa a sua mente de forma errada. Em geral, você simplesmente não usa a mente. É ela quem usa você. Essa é a doença. Você acredita que é a sua mente. Eis aí o delírio. O instrumento se apossou de você.

Estamos tão identificados com ela que nem percebemos como somos seus escravos. É quase como se algo nos dominasse sem termos consciência disso e passássemos a viver como se fôssemos a entidade dominadora. A liberdade começa quando percebemos que não somos a entidade dominadora, o pensador. Saber disso nos permite observar a entidade. No momento que começamos a observar o pensador, ativamos um nível mais alto de consciência. Começamos a perceber, então, que existe uma vasta área de inteligência além do pensamento, e que este é apenas um aspecto diminuto da inteligência. Percebemos também que todas as coisas realmente importantes como a beleza, o amor, a criatividade, a alegria e a paz interior surgem de um ponto além da mente. É quando começamos a acordar.

Aula simples sobre os chacras

Ótimo vídeo para quem quer aprender os fundamentos básicos dos chakras.

http://www.youtube.com/watch?v=OlBoVMdar9Q&feature=related

21 February 2012

O Carnaval e todas as suas implicações

Todo Carnaval é a mesma coisa: umas semanas antes chovem e-mails dizendo como o carnaval é uma salada de más vibrações, energia densa de luxuria, faz mal, baixa isso, baixa aquilo... os e-mails inclusive são os mesmos (tem uma mesma apresentação de ppt que sempre recebo).

Enfim, acredito sim nessa situação energética, mas o fato é que nós não somos seres de luz. E lá no meio da muvuca, nós estamos na mesma vibe "densa" que todo mundo. Ou seja, você não se sente mal. Ninguém se queixa de dor de cabeça no meio do bloco ou tem ataque de bocejos na Sapucaí. Nós ainda precisamos e valorizamos uma boa bagunça de vez em quando... é parte da nossa natureza ainda inferior. E negá-la é tentar esconder dentro de você seu eu verdadeiro, é não mostrar pra si próprio quem você é, por medo de ver alguém que é imperfeito. E quer uma boa notícia? Você É imperfeito, assim como 99,9% dos terráqueos!

Estamos loonge da perfeição... Isso não quer dizer que você deva desistir de evoluir e viva pra sempre na esbórnia, mas significa que admitir que você ainda curte certas paixões humanas é aceitar seu lado mais material, mais terrestre. E é o que somos... pra que tentar fingir? Se você odeia o carnaval e ele te faz sentir mal, ótimo. Mas falar mal dele, passar lição de moral nas outras pessoas e lá no fundo morrer de vontade e morrer de coceira ao ver o povão pulando e dançando é hipocrisia das piores e só vai fazer mal. É mentira como qualquer outra... eu sou a favor da honestidade e da auto-honestidade (existe isso?) que é ser honesto consigo mesmo.

E eu adoro Carnaval. Ponto.

12 February 2012

Artigo de Paulo Coelho sobre viagens

Publicado no Diário do Nordeste.

Viajando de maneira diferente


Desde muito jovem descobri que a viagem era, para mim, a melhor maneira de aprender. Continuo até hoje com esta alma de peregrino, e decidi relatar nesta coluna algumas das lições que aprendi, esperando que possam ser úteis a outros peregrinos como eu.

1] Evite os museus. O conselho pode parecer absurdo, mas vamos refletir um pouco juntos: se você está numa cidade estrangeira, não é muito mais interessante ir a busca do presente que do passado? Acontece que as pessoas sentem-se obrigadas a ir a museus, porque aprenderam desde pequeninas que viajar é buscar este tipo de cultura. É claro que museus são importantes, mas exigem tempo e objetividade - você precisa saber o que deseja ver ali, ou vai sair com a impressão de que viu uma porção de coisas fundamentais para a sua vida, mas não se lembra quais são.

2] Frequente os bares. Ali, ao contrário dos museus, a vida da cidade se manifesta. Bares não são discotecas, mas lugares aonde o povo vai, toma algo, pensa no tempo, e está sempre disposto a uma conversa. Compre um jornal e deixe-se ficar contemplando o entra-e-sai. Se alguém puxar assunto, por mais bobo que seja, engate a conversa: não se pode julgar a beleza de um caminho olhando apenas sua porta.

3] Esteja disponível. O melhor guia de turismo é alguém que mora no lugar, conhece tudo, tem orgulho de sua cidade, mas não trabalha em uma agência. Saia pela rua, escolha a pessoa com quem deseja conversar, e peça informações (onde fica tal catedral? Onde estão os Correios?) Se não der resultado, tente outra - garanto que no final do dia irá encontrar uma excelente companhia.

4] Procure viajar sozinho, ou - se for casado - com seu cônjuge. Vai dar mais trabalho, ninguém vai estar cuidando de você(s), mas só desta maneira poderá realmente sair do seu país. As viagens em grupo são uma maneira disfarçada de estar numa terra estrangeira, mas falando a sua língua natal, obedecendo ao que manda o chefe do rebanho, preocupando-se mais com as fofocas do grupo do que com o lugar que se está visitando.

5] Não compare. Não compare nada - nem preços, nem limpeza, nem qualidade de vida, nem meio de transportes, nada! Você não está viajando para provar que vive melhor que os outros - sua procura, na verdade, é saber como os outros vivem, o que podem ensinar, como se enfrentam com a realidade e com o extraordinário da vida.

6] Entenda que todo mundo lhe entende. Mesmo que não fale a língua, não tenha medo: já estive em muitos lugares onde não havia maneira de me comunicar através de palavras, e terminei sempre encontrando apoio, orientação, sugestões importantes, e até mesmo namoradas. Algumas pessoas acham que, se viajarem sozinhas, vão sair na rua e se perder para sempre. Basta ter o cartão do hotel no bolso, e - numa situação extrema - tomar um táxi e mostrá-lo ao motorista.

7] Não compre muito. Gaste seu dinheiro com coisas que não vai precisar carregar: boas peças de teatro, restaurantes, passeios. Hoje em dia, com o mercado global e a Internet, você pode ter tudo sem precisar pagar excesso de peso.

8] Não tente ver o mundo em um mês. Mais vale ficar numa cidade quatro a cinco dias, que visitar cinco cidades em uma semana. Uma cidade é uma mulher caprichosa, precisa de tempo para ser seduzida e mostrar-se completamente.

9] Uma viagem é uma aventura. Henry Miller dizia que é muito mais importante descobrir uma igreja que ninguém ouviu falar, que ir a Roma e sentir-se obrigado a visitar a Capela Sistina, com duzentos mil turistas gritando nos seus ouvidos. Vá à capela Sistina, mas deixe-se perder pelas ruas, andar pelos becos, sentir a liberdade de estar procurando algo que não sabe o que é, mas que - com toda certeza - irá encontrar e mudará a sua vida.